quarta-feira, 21 de maio de 2014

DESCENDÊNCIA

Nasci na capital do estado
E fui criado sem luxo
Filho de um pai bem gaúcho
E de uma mãe campesina
Não fugi da minha sina
De cultivar o folclore
E por mais que o mundo implore
Para eu ser como os outros
Esse meu jeito de potro
Faz que eu o ignore

Não foi fácil pra um guri
Lá pelos anos 60
Se for fraco não aguenta
Essa pressão da cidade
Desde a minha tenra idade
O meu pai já me ensinava
E garboso ele bradava
Nunca perca a identidade

Do lado da minha mãe
Origem luso-brasileira
Ela baixita e matreira
Ele um tropeiro de fato
Homem de fino trato
Que tropeou por toda vida
Especialista na lida
E de coração maragato

Já da parte de meu pai
A origem vem do Prata
Gente de boa sapata
De chamamé e milongas
Nada de muitas delongas
Para enfrentar os perigos
Que dá valor aos amigos
E nunca foge de uma ronda

A minha avó argentina
E meu avô uruguaio
Chegaram aqui num baio
Só com a roupa do corpo
Com fome e quase morto
Foi fazer o que sabia
De esquilador trabalharia
Para buscar seu conforto

Por isso sigo no tranco
E me orgulho de ser gaúcho
Desses que aguenta o repuxo
E não se entrega pra nada
Adiante levarei a saga
Pois meu neto ensinarei
Pra que ele se sinta um rei
Nascido cá nessas plagas

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